O que é ESSENCIAL numa MIXAGEM?

A “mixagem” conforme a conhecemos hoje foi inventada na segunda metade do século XX, e durante esse período permaneceu mais ou menos oculta em mistério, compartilhado por um pequeno grupo de privilegiados.

Também, não era pra menos. Mixar era antes de mais nada, saber operar um equipamento a que muito poucos tinham acesso, e que muitas vezes precisava ter suas limitações contornadas com muita habilidade.

Com a virada do século, a coisa veio se democratizando totalmente, a ponto de qualquer pessoa hoje ter acesso a muito mais recursos do que um cara das antigas jamais sonhou.

E mais, atualmente é possível ter acesso a toneladas de informação que eram guardadas a sete chaves pela “irmandade da mix”.

Só que essa exuberância de recursos e informação acabam atrapalhando. Uma pessoa que queira nesse momento se aventurar a mixar acaba perdida no meio de tantas opções e opiniões. E ainda se torna um alvo fácil de um monte de equívocos, propositais ou não.

garota fazendo mixagem de áudio na mesa de som

FOQUE NO FUNDAMENTAL

Então, que tal focar no que é realmente fundamental, para ver se melhora o fluxo de trabalho (sim, Workflow tem tradução!) e conseguir antes de mais nada, o principal, que é uma mixagem correta tecnicamente e interessante artisticamente?

Depois de dominada essa primeira abordagem, então será hora de pesquisar algo novo, ou algo que dê aquela personalidade que a gente acha que pode conseguir.

Existe ainda, quer queiramos ou não, um “jeito” de mixar, uma sonoridade, que é típica de cada época. Fugir disso pode ser estiloso, mas pode ser perigoso.

Antes de mais nada, os mais afoitos irão já lembrar que “mix é arte, e que qualquer coisa é válida, desde que agrade a seus ouvidos”.
Bem, sim e não. A gente mixa pra gente, mas não só pra gente. Mixa antes de tudo para o artista, e – com sorte – mixa para os milhares de pessoas que vão ouvir o trabalho.

A PRINCIPAL COISA É MANTER A PRINCIPAL COISA COMO A COISA PRINCIPAL

Stephen Covey

O PRINCIPAL DE UMA MIXAGEM

Então foquemos no principal. Há coisas que são essenciais:

  • Eliminar ruídos e mutar trechos que não valem. Editar e afinar o que for preciso;
  • Diminuir através de volume ou gates os vazamentos;
  • Conseguir com os faders um bom equilíbrio;
  • Distribuir com habilidade os canais no pan;
  • Usar os equalizadores para atenuar o que não interessa;
  • Usar os equalizadores para acentuar o que interessa;
  • Comprimir somente para diminuir as variações de volume;
  • Usar reverbs para ambientar os instrumentos e a voz.

Se você conseguiu um bom resultado apenas com essas ferramentas, no mínimo já tem uma mix correta.

UM TCHAM A MAIS

Agora, existem coisas que não são absolutamente necessárias, mas que podem dar um resultado interessante na sua mixagem. Por exemplo usar:

  • Drive e saturação para aumentar a riqueza harmônica;
  • As características dos compressores além da compressão que podem dar uma sonoridade interessante;
  • Movimentos de pan, e efeitos de modulação como phasers, chorus, autopan, trêmolo e vibrato.

Tudo é permitido, certamente, mas enquanto você não dominar o processo de conseguir as coisas essenciais lá da primeira lista, não adianta ficar procurando usar as interessantes da segunda lista.

Cada coisa a seu tempo. Se você ainda não consegue controlar volume com o compressor, se não consegue usar um equalizador para obter o timbre que deseja, não adianta ficar procurando “sonoridade do compressor”, compressão paralela, distorção para “esquentar o som”, simulador de fita para dar um som mais “vintage”.

Nada disso.

Depois que você estiver conseguindo o principal, que é uma mix equilibrada tecnicamente, aí sim poderá chegar a hora da experimentação. Com a prática, essa primeira etapa mais ou menos burocrática e muito técnica ficara bem mais fácil.

Mixar envolve uma quantidade enorme de variáveis e se a gente não souber atacá-las numa certa ordem de prioridade, as coisas podem ficar bem confusas.

Até o próximo, amigos!


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