Taxa de Amostragem: e por quê 48kHz?

No post passado eu contei a história por trás da taxa de amostragem 44.100Hz e agora vou contar sobre o 48kHz.
Por ser um número maior, você provavelmente está pensando que foi para melhorar a qualidade, não é?

Aparelho SONY DTC 500ES DAT que converte para taxa de amostragem 48kHz

Não, meu amigo, não foi pra melhorar a qualidade. Foi pra piorar. Explico:

DAT – Digital Audio Tape

Na segunda metade da década de 1980 havia uma guerra rolando. De um lado os fabricantes de equipamentos digitais (leia-se basicamente Sony) e do outro a RIAA (Associação Americana da Indústria de Gravação).
Nessa época foi criado o DAT – Digital Audio Tape e com essa fita digital, todos concordavam que seria possível fazer cópias perfeitas de gravações e aí os produtores de discos ficaram cabreiros.
As pessoas iam poder fazer gravadoras domésticas e revender o material mais barato.
Pirataria com qualidade (muito melhor do que o que existia na época – os “bootlegs” e as fitas cassete).

Então houve esse embate e uma de suas consequências foi que o padrão de DAT de estúdio era logicamente o mesmo do CD = 44.100Hz. Então os aparelhos de DAT de consumidores domésticos passaram a trabalhar com outro
sample rate = 48000Hz. Isso tinha uma justificativa técnica, pois com essa taxa era possível baratear os então caríssimos filtros anti-aliasing (ainda centrados em 20kHz). Mas havia uma justificativa política também: com 48000Hz, os DATs de estúdio seriam incompatíveis com os domésticos.
E para garantir essa incompatibilidade, até a conexão física era diferente: entradas digitais XLR AES/EBU nos DATs profissionais e RCA SPDIF nos domésticos.

Por essa você não imaginava, não é?

E assim temos que a taxa de amostragem de 48000 Hz não nasceu para fazer um produto melhor,
mas para fazer um pior.
É claro que isso mais tarde evoluiu e essa frequência passou a ser o padrão para vídeo.

E então, o que achou da história?

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