Desenvolvimento Histórico Da Referência de Afinação

Diapasão com afinação em Lá 440Hz

A primeira coisa que é feita ao se afinar um piano ou uma orquestra é ajustar o Lá (A) em 440Hz. E então a partir dele são afinadas as outras notas. Este não foi sempre o padrão de afinação. Esse padrão ao longo dos séculos tem estado em total anarquia. Em geral, porém, nos últimos 500 anos o padrão tem subido aproximadamente uma terça menor, embora tenha havido muita variação.

A= 440Hz nem sempre foi o padrão

Mesmo sem um padrão oficial, durante a idade medieval e renascença, a afinação em geral era uma terça menor abaixo da atual, particularmente na igreja. Conseqüentemente isso tem sérias implicações na execução moderna por seu efeito na extensão das vozes e dos instrumentos, o que leva a se executar muitas vezes de modo transposto.

Durante a Renascença, principalmente na música leiga, havia a tendência de se usar padrões que podiam chegar a uma quarta ou quinta acima do 440.
Por volta do barroco tardio o padrão praticamente se estabilizou em torno um semitom abaixo do atual. Bach escreveu a maior parte de suas obras para A=415Hz, e Handel usava 422.5Hz como seu padrão. A invenção do diapasão por John Shore (séc XVIII) ajudou a padronização.

Por volta do fim do século XIX o padrão mais usado ficava em torno de A=435Hz, embora com variações consideráveis. Mozart e Beethoven usavam a afinação um semitom abaixo da atual.
A maior parte da pressão para a subida do padrão veio dos instrumentistas de cordas, já que os instrumentos tendem a soar mais brilhantes com a tensão maior das cordas. Mas isso provocava problemas aos fabricantes de sopros e até mesmo de cordas, que tinham de reforçar a estrutura de seus instrumentos. Então começou a ser necessário usar metal para as cordas mais agudas dos violinos.

Surge a padronização

Com o aumento da troca de músicos entre orquestras pro toda a Europa e Estados unidos, tornou-se necessária uma padronização. Foi então que o padrão internacional de A=440Hz foi criado, por volta de 1920. No entanto continuava a pressão pelo uso de afinações mais altas, como 442 e 444, chegando até a 448, na busca por sonoridades mais brilhantes. Esse tipo de padrão é normalmente criticado pelos músicos de sopro, que precisam readaptar seu modo de tocar.
Hoje o padrão universalmente usado na música popular é A=440Hz, com eventual uso do 442Hz em música clássica. Outros padrões podem ser usados na recriação de formas musicais mais antigas.

Adaptado de: BERG, Richard; STORK, David – “The Physics of Sound”

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